segunda-feira, 6 de abril de 2009

CONVIVÊNCIA FRATERNA NOS GRUPOS


"Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado".
(O Espírito de Verdade, Paris, 1862.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XX - ítem 5.


Parafraseando o Espírito Verdade, é injustificável que sob a égide do Espiritismo - doutrina de lucidez integral - os seus trabalhadores se mantenham sempre os mesmos no que tange às relações interpessoais, pois então de que lhes serve ser espírita se não se amam? Se guardam distância uns dos outros? Reunindo-se sem se conhecerem? Trabalhando sem se descobrirem? Sofrendo sem terem alguém para dialogar e lograr uma rota? Ajudando a outros sem se permitirem ser ajudados?

Observamos que os dias atuais têm subtraído o tempo que seria desejável para intensificar os relacionamentos nas sociedades espíritas. E, enquanto essa alegação se torna um limite para muitos, por outro lado, muitos dispondo de largas medidas de tempo, não realizam a convivência fraterna que deveria nortear as relações em seus grupos. Constatamos então, que temos um problema a solucionar: compartilham-se idéias, tarefas e deveres, e nem sempre afeto e amizade autêntica.
O estudo e o trabalho têm merecido a atenção de quantos usufruem das ambiências da casa espírita. Contudo, destacamos que além disso, o compartilhamento afetivo deve receber os cuidados de nossos condutores, considerando esse fator como de fundamental importância ao crescimento espiritual de seus trabalhadores, e mesmo ao equilíbrio das próprias atividades.
A boa convivência será sempre o reflexo das relações que travamos conosco mesmos, por isso cuidemos da nossa vida emocional e psicológica. Que os diretores se organizem para o investimento nesse sentido, junto aos frequentadores, trabalhadores e coordenadores de suas instituições.
Encetar uma campanha pela fraternidade entre os trabalhadores espíritas! Onde o amor floresce, o perfume da fraternidade se espalha.
Sociedades espíritas fraternas são tecidas com relações afetuosas e amadurecidas pela vivência ética das lições cristãs, que, naturalmente, esultam em uma convivência sadia e motivadora.
Estamos habituados a construir paredes e reunir gente. Chegou, porém, o instante esperado para nos estabelecer como
grupos, nos quais as pessoas se reúnam e se unam, ciando um entrelaçamento fraterno, fomentador das mais ricas experiências emocionais nos terrenos de nossa espiritualização.
E como o amor não é sentimento estagnado e circunstancial, devemos assinalar algumas ações-exercícios que o desabrocharão na intimidade, e canalizá-lo para as fibras sutis de nossa estrutura emocional, a fim de sedimentar hábitos e comportamentos plenos de sensibilidade e ternura.

Anotemos, então:
  • A habilidade para saber discordar.
  • A assertividade dos sentimentos.
  • O espírito de equipe.
  • O esforço no domínio das más inclinações.
  • O cultivo da oração pelos integrantes do grupo.
  • O aperfeiçoamento diário da convivência.
  • A priorização do dever de cada dia.
  • A delegação confiante de responsabilidades.
  • A valorização incondicional dos participantes.
  • A arte de comunicar.
  • O diálogo.
  • A alteridade.
  • O cativar dos laços de amor.
  • O amor a si mesmo.
  • As crenças otimistas.
  • A cooperação espontânea.
  • A vivência moral sadia.
A carência humana de afeto é uma tragédia de proporções incomparáveis na história. Graças a ela assistimos ao ruir de lares, à fuga para os vícios, à depressão causticante, à inversão dos valores morais e ao engodo da ilusão que aprisiona o ser nas algemas da solidão. Nesse contexto, a casa espírita deveria se constituir num oásis de esperança e refazimento, para os cidadãos sofridos com a ingratidão e o desvalor que a sociedade lhes impõe.
Outros tantos se eniquecem na abundância de bens, entretanto, são almas vazias do alimento da estima. par esses a casa de Jesus e Kardec deve ser o ambiente de renovação e acolhimento, no qual encontraão o repasto do carinho, e as benesses de uma família espiritual.
O se humano tem medo de amar. Um dos motivos é por não saber como o seu amor será acolhido. Alguns, não tendo elaborado satisfatoriamente a sublimação de traumas e recalques, não sabem conviver bem com a intimidade dos relacionamentos. Padecem com os monstros das fantasias e neuroses sem conta, que os levam a um colapso das forças internas e abrem campo fácil para as obsessões afetivas e sexuais.
Contudo, não podemos mais nos permitir viver por temor e fugir de amadurecer nossas emoções.
Quando constituirmos as sociedades espíritas fraternas, estaremos formando as bases para um tempo mais pomissor quanto aos destinos de nossa seara bendita. Ao mesmo tempo, criando o ambiente seguro para nossas manifestações iniciais na arte de amar.
O caminho é, sem dúvida, dirigirmo-nos para o objetivo providencial a que se refere o Espírito Verdade, conduzindo-nos dentro da escola doutrinária como alunos em regime de aprendizado intensivo. Buscando, sobretudo, a melhora de nós mesmos na superação de nossas mazelas morais.

Educar-se e espiritizar-se é a meta.

E quando apendermos a viver fraternalmente nas nossas próprias casas espíritas, arregimentaremos melhoes condições para o clima da bondade em campos mais amplos e responsabilidades mais ostensivas, na interligação de amor que a todos deve nos enlaçar nos serviços de restauração do Cristianismo.

Amar incondicionalmente é o caminho.

Sigamos Paulo, apóstolo de Jesus, que pronunciou uma inspirada poesia nascida nas fontes de seu exemplo de amor quando disse:
"Eu de muita boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado".

Da mesma forma, convém-nos recordar a excelência da recomendação do senhor Allan Kardec, que propõe:
"Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades Espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos. Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nbascido do amor-próprio, mais de palavras do que de fatos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em imbatível alicerce: o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam".
"Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade!"

O perfume da fraternidade se espalha onde existem canteiros de boa convivência.


Fonte: livro PRAZER DE VIVER, capítulo 16, Convivência Fraterna nos Grupos - pelo Espírito Ermance Dufaux

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