domingo, 1 de julho de 2012

A CRENÇA NA ENCARNAÇÃO ÚNICA CRIA UM DILEMA


 Paulo Henrique Wedderhoff
       - Deus “tá” vendo!
          Lembra desta frase da sabedoria popular?

          Pois é! O que significa "deus tá vendo" quando olhamos em volta e vemos crianças, jovens e adultos enfrentando dificuldades de todos os tipos, ao passo que a corrupção e os crimes que podem fazer parte das causas destes sofrimentos seguem impunes?

          A ideia da encarnação única impõe duas conclusões extremas quando olhamos ao nosso redor; ou as leis naturais são injustas e a proposição "a cada um segundo fizer por merecer" pode não ser verdadeira, ou há um grave equivoco em nossas conclusões sobre as realidades da existência, como por exemplo, quantas vezes vivemos na Terra.

         Afinal, como todos somos falíveis, não precisamos de várias oportunidades para realizar aprendizados? Não funciona assim ao longo da nossa vida? Não vivemos um dia após o outro, e em vários casos precisamos de dias, meses, ou anos para aprender algumas coisas?

         Como Deus é imanente, ou seja, está em sua obra, sem confundir-se com ela, não há como Ele não ver. Como também não é possível crer na injustiça das Suas leis. Por esta lógica podemos entender que encarnar uma única vez não seria suficiente para fazer aprendizados, realizar projetos, mudar comportamentos; logo, é justo encarnar tantas vezes quantas forem necessárias para vivenciar as consequências das nossas ações, e com isso mudar nosso comprometimento com o bem estar dos nossos irmãos.

         E após concluirmos que teremos que voltar à Terra para novas encarnações, caberia uma nova pergunta: onde há mais vagas para reencarnar? Nos poucos lares com acesso ao ensino de qualidade, ou na grande maioria de lares sem recursos por falta de um ensino que propicie autonomia pensante, social e econômica?

         O problema pode não ser seu nesta encarnação, mas e na próxima?

PAULO HENRIQUE WEDDERHOFF é Administrador e Professor Acadêmico na Faculdade Doutor Leocádio José Correia (FALEC). É articulista da revista SER ESPÍRITA.


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