A narrativa bíblica revela o Todo-Poderoso comprometido em criar o homem à sua imagem e semelhança, potencialmente divino. Compreendendo Jesus como a concretização desse propósito celeste, nele encontramos o potencial que se fez vida plena, a palavra que se fez carne, a metamorfose do projeto em obra.
Sua vida, na singela Galileia do primeiro século, é testemunho do homem em plena comunhão com Deus e, por que não, do Pai celestial expressando-se pela criatura, por meio de sentimentos, pensamentos, palavras, gestos e condutas.
Na qualidade de porta-voz da Divindade, suas palavras são como um sopro do absoluto no relativo da linguagem humana, sopro do espiritual nas narinas de barro.
No seu ensino oral, a palavra humana atinge o fulgor celeste. Parábolas, metáforas, enigmas, provérbios, toda sorte de linguagem figurada pronunciada no embalo da antiga poesia hebraica, cheia de ritmo e sonoridade, com o fito de se eternizar no coração do ouvinte, que é o local privilegiado da escuta.
Eis a forma.
É o que nos ensina o Espírito Verdade:
"Muitas vezes a palavra de Jesus era alegórica e em forma de parábolas, porque ele falava de acordo com a época e lugares. Agora, é preciso que a verdade seja inteligível para todos. É necessário explicar e desenvolver aquelas leis, já que pouquíssimos são os que a compreendem e menos ainda os que a praticam."
O material da sua prédica é retirado, invariavelmente, do cotidiano. Não é demais dizer que nos ensinamentos de Jesus o cotidiano foi iluminado pelo mais puro olhar, por uma perspectiva tão espiritual e tão ampla que abriu os olhos dos cegos mergulhados na rotina. Cada detalhe da vida assume contornos de invulgar beleza e espiritualidade.
O benfeitor Emmanuel nos chama a atenção para esse ponto:
"O Cristo não estabelece linhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consagrados ao serviço divino."Eis a matéria.
Falava do Reino de Deus, obra divina no coração dos homens, e de seus Estatutos eternos.
Eis o conteúdo. (...)
FONTE: trecho inicial da Introdução do livro PARÁBOLAS DE JESUS - Texto e contexto, de Haroldo Dutra Dias, FEP, 2011.
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