domingo, 14 de dezembro de 2008


Perdão e Reparação

A necessidade do perdão – como atitude essencial para a conquista da plenitude espiritual – foi ensinada por Jesus em diversas ocasiões:
“Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celeste vos perdoará”, “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” e “Reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho”. Destacou, ainda, a importância de perdoar de forma ilimitada:
“Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.”
Mas o Cristo não se limitou a teorizar sobre o perdão: Do alto da cruz humilhante, submetido a dores extremas, orou por seus algozes, compreendendo-lhes a ignorância:
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.”
Antídoto do ódio, o perdão é gesto de generosidade que beneficia muito mais a quem perdoa do que àquele que é perdoado. Sentimentos como ódio, rancor e desejo de vingança escravizam as criaturas, algemando-as a idéias fixas, estados mentais mórbidos, infelicidade e desequilíbrio. Quem perdoa se liberta do grilhão que o mantém prisioneiro. Mas quem é perdoado não está livre da necessidade de reparar o mal cometido. Este, registrado na consciência do Ser, exigirá corrigenda, a fim de que a criatura se reabilite perante a Lei Divina. Mesmo depois de perdoado, sofre o aguilhão do remorso, que lhe cobra reparação dos prejuízos materiais ou morais que causou a outrem.
Jesus assinalou o imperativo de a criatura buscar o reajuste perante Deus e a própria consciência mediante o exercício do amor incondicional. Ao reerguer a mulher que era acusada por seus vícios, o Cristo observa:
“Seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou.”
Assim, a reparação que favorece a paz interior virá pela vivência do amor, ao eleger o Bem como prática. Mas poderá ser, também, profundamente dolorosa, quando aquele que foi perdoado permanece em clima de enfermidade moral, recusando-se à grandeza da fraternidade.
A lição que o Evangelho nos oferece e que a Doutrina Espírita explicita não deixa dúvidas: Não se chega à felicidade, que todos buscam, sem a vivência da lei moral que emana de Deus e que consiste na prática da Caridade. E só praticamos a Caridade, plenamente, perdoando os outros e reparando nossos erros, sempre!

Editorial da revista da FEB, “Reformador”, publicado em julho/2005.


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