terça-feira, 27 de outubro de 2009

A SÍNDROME DO SOBRENATURAL E O ORGULHO EXACERBADO


por Cristina Helena Sarraf

Por mais que o tempo tenha passado e o Espiritismo, trazendo a Lei dos Fluidos, tenha posto por terra tudo que fora considerado sobrenatural enquanto não tinha explicações adequadas, ainda se guarda, bem lá dentro, resquícios dessa crença. Que por ser crença, mesmo não racionalizada, caracteriza emoções, pensamentos e reações.
Numa observação mais atenta, dá para notar que se algo "alem do normal" está ocorrendo, há uma sensação de superioridade, de raridade e de exclusividade, que põe a pessoa acima dos demais simples mortais.
Talvez seja por isso que: "Ninguém teve uma gripe como a minha! Eu quase morri e só estou aqui pelas mãos de Deus"; "Outra pessoa não teria resistido! Você não imagina que Espírito terrível me atacou...Sou médium!"; "Você não tem uma família como a minha, e não sabe as lutas que temos! Só Deus é que sabe o que passamos de injustiças e sofrimentos, por causa de nossa honestidade." ...Parece que é bem difícil, ainda, ser semelhante aos outros, sem subir aquela sensação de inferioridade. Seria isso orgulho exacerbado? Parece que sim!
Daí essa necessidade de que, pelo menos algumas de nossas coisas, sejam sobrenaturais, mais importantes que as dos outros e destaquem-se do bloco, como passistas nas escolas de samba... Errado? Normal? Certo? Bobeira?
À luz do Espiritismo, só fomos iguais aos demais Espíritos no momento em que nos individualizamos do Elemento Espiritual Primitivo, ou seja, num imenso tempo atrás, quando, simples e ignorantes não tínhamos forma e nem conhecimento algum. Depois inicia-se o processo evolutivo e vamos, gradativamente, sendo diferentes dos demais. Diferentes mas semelhantes aos de nossa espécie. Esse é o grande lance da sabedoria divina: nossos semelhantes sentem, pensam e vivem de formas próximas as nossas, mas não exatamente iguais. Reside nessas pequenas ou grandes diferenças a notoriedade do que somos: indivíduos. Individualidades ímpares, exclusivas, únicas e importantes porque inigualáveis. Substituíveis, mas inigualáveis!
Seja o que for que façamos, o mais nobre ou o mais mesquinha, somos diferentes dos demais e sentir isso elimina essa tola necessidade de que coisas sobrenaturais nos destaquem e valorizem. Porque o valor de cada um está em ser si mesmo, a partir da profunda compreensão de sua natureza e características.
E melhorar-se nada tem a ver com copiar os outros e sim, com ser melhor em relação a si mesmo.

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