segunda-feira, 7 de maio de 2012

CONTIGO MESMO


“... O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a
felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; termina no limite que não
gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos...”
(Capítulo 17, item 7.)


     Como decifrar o dever?
          De que maneira observar o dever íntimo impresso na consciência, diante de tantos deveres sociais, profissionais e afetivos que muitas vezes nos impõem caminhos divergentes?
          Efetivamente, nasceste e cresceste apenas para ser único no mundo. Em lugar algum existe alguém igual a tua maneira de ser; portanto, não podes perder de vista essa verdade, para encontrar o dever que te compete diante da vida.
         Teu primordial compromisso é contigo mesmo, e tua tarefa mais importante na Terra, para a qual és o único preparado, é desenvolver tua individualidade no transcorrer de tua longa  jornada evolutiva.
        A preocupação com os deveres alheios provoca teu distanciamento das próprias responsabilidades, pois não concretizas teus ideais nem deixas que os outros cumpram com suas funções. Não nos referimos aqui à ajuda real, que é sempre importante, mas à intromissão nas competências do próximo, impedindo-o de adquirir autonomia e vida própria.
          Assumir deveres dos outros é sabotar os relacionamentos que poderiam ser prósperos e duradouros. Por não compreenderes bem teu interior, é que te comparas aos outros, esquecendo-te de que nenhum de nós está predestinado a receber, ao mesmo tempo, os mesmos ensinamentos e a fazer as mesmas coisas, pois existem inúmeras formas de viver e de evoluir. Lembra-te de que deves importar-te somente com a tua maneira de ser.
         Não podemos nos esquecer de que aquele que se compara com os outros acaba se sentindo elevado ou rebaixado. Nunca se dá o devido valor e nunca se conhece verdadeiramente.
           Teus empenhos íntimos deverão ser voltados apenas para tua pessoa, e nunca deverás tentar acomodar pontos de vista diversos, porque, além de te perderes, não ajustarás os limites onde começa a ameaça à tua felicidade, ou à felicidade do teu próximo.
          Muitos acreditam que seus deveres são corrigir e reprimir as atitudes alheias. Vivem em constantes flutuações existenciais por não saberem esperar o fluxo da vida agir naturalmente.
          Asseveram sempre que suas obrigações são em “nome da salvação” e, dessa forma, controlam as coisas ou as forçam acontecer, quando e como querem.
          Dizem: “Fazemos isso porque só estamos tentando ajudar”. Forçam eventos, escrevem roteiros, fazem o que for necessário para garantir que os atores e as cenas tenham o desempenho e o desenlace que determinaram e acreditam, insistentemente, que seu dever é salvar almas, não percebendo que só podem salvar a si próprios.
          Nosso dever é redescobrir o que é verdadeiro para nós e não esconder nossos sentimentos de qualquer pessoa ou de nós mesmos, mas sim ter liberdade e segurança em nossas relações pessoais, para decidirmos seguir na direção que escolhemos. Não “devemos” ser o que nossos pais ou a sociedade querem nos impor ou definir como melhor. Precisamos compreender que nossos objetivos e finalidades de vida têm valor unicamente para nós; os dos outros, particularmente para eles.
          Obrigação pode ser conceituada como sendo o que deveríamos fazer para agradar as pessoas, ou para nos enquadrar no que elas esperam de nós; Já o dever é um processo de auscultar a nós mesmos, descortinando nossa estrada interior, para, logo após, materializá-la num processo lento e constante.
          Ao decifrarmos nosso real dever, uma sensação de auto-realização toma conta de nossa atmosfera espiritual, e passamos a apreciar os verdadeiros e fundamentais valores da vida, associados a um prazer inexplicável.
        Lembremo-nos da afirmação do espírito Lázaro em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida”. (1)

(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º, item 7.


FONTE: do livro RENOVANDO ATITUDES, pelo Espírito Hammed, pelo médium Francisco do Espírito Santo Neto.

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