TORMENTOS PSICOLÓGICOS
Face aos graves acontecimentos hodiernos: velocidade das comunicações, sucessão intérmina de ocorrências surpreendentes, tragédias do cotidiano, avanços científicos e tecnológicos, ameaças contínuas de desgraças geradoras de insegurança emocional, o ser humano apresenta-se desestruturado psicologicamente, buscando fugir antes que enfrentar a realidade traumatizante.
Sentindo-se aturdido, procura compensar-se no exagerado culto ao corpo, entregando-se a exercícios complexos e desgastantes de energias valiosas, cirurgias corretoras e estéticas, implantes variados como forma de compensação ao ego insatisfeito, dando lugar a mórbidos mecanismos que, ante os receios inevitáveis que decorrem do processo orgânico degenerativo e do implacável suceder do tempo devorador.
Dietas sem sentido alimentar e destituídas de nutrientes básicos para a saúde ameaçam o equilíbrio psicofísico, instalando graves problemas emocionais como a anorexia, a bulimia, a perda de memória, a irritação e distonias nervosas outras que lentamente se instalam no comportamento do indivíduo, conspirando contra a sua saúde e o seu bem-estar.
A desenfreada busca pelo gozo, ao invés de proporcionar-lhe felicidade, torna-se-lhe fogo-fátuo de rapidíssima duração, deixando ressaibos de amargura e de insatisfação que induzem a novas e ininterruptas ansiedades.
O absurdo consumo dos alcoólicos e do tabaco, em mecanismos escapatórios ao medo e à ansiedade, favorecem o uso desregrado de substâncias alucinógenas e de outras drogas químicas de alto poder destrutivo dos equipamentos neuroniais, que não mais se refazem, infelicitando e degradando.
A apologia da insensatez produzida pela mídia alucinada perverte a identidade do indivíduo, massificando-o e nivelando-o nas faixas do egoísmo doentio assim como da fatuidade.
Não é de se estranhar que o número de pacientes neuróticos e psicóticos se faça cada dia mais expressivo, mais avassalador.
Os efeitos dessa ocorrência são de alta gravidade, porque, instalados os distúrbios em pessoas psicologicamente frágeis prolongam-se, transformando-se em enfermidades de difícil diagnóstico e mais desafiadora terapia.
Ao mesmo tempo, a perda de contato do ser humano com o Si-mesmo, esmagado pelo desconcerto moral que grassa, na sucessão dos escândalos que chocam e logo passam, deixa a falsa idéia que a felicidade é conquista do poder para o prazer e do ter dinheiro para comprar o poder, completando ocírculo vicioso da ostentação e da queda, da glória sob os holofotes da ilusão e do imediato olvido nas masmorras do abandono a que vai relegado, bem como do conflito pessoal que surge e o domina.
O quase total desrespeito aos valores humanos, à própria criatura, e a consequente ambição desmedida de amealhar moedas a qualquer preço, afrontam a miséria dos bairros pobres que vomitam nas ruas e avenidas do mundo os seus esquecidos, os seus excluídos, que se armam de violência para tomar pela força tudo quanto lhes foi negado por dever de humanidade.
...E o medo se instala na sociedade, em si mesma enferma e inquieta.
Urge que se opere uma mudança ética, a fim de que o indivíduo recupere a sua identidade de cidadão, não mais de vítima explorada, na sua condição de criatura humana, e não mais discriminado por causa da pobreza, da raça, da ideologia comportamental adotada, desde que não fira os direitos dos outros.
Somados a esses fatores psicossociais, socioeconômicos, aqueloutros de natureza espiritual e causal profunda, defronta-se sério desafio para o reajuste da sociedade e para o equilíbrio do ser humano.
Uma proposta psicoterapêutica válida deve ser estruturada no sentido da descoberta do ser integral e da finalidade existencial que pode ser alcançada por todos.
A cura, para tais males, deverá processar-se mediante a conscientização do paciente, que descobrirá em júbilo o significado do existir e o caminho a trilhar em consciência de paz.
O amor fraternal como processo de ajustamento impõe-se de imediato, e um novo entendimento da vida se delineia traçando as diretrizes para serem mantidos o equilíbrio e a harmonia da sociedade."
( Cap. 3 - Tormentos Psicológicos - do livro TRIUNFO PESSOAL, pelo Espírito Joanna de Ângelis)